14 de outubro de 2022
Meta Connect 2022
No dia 11 de Outubro aconteceu o Meta Connect 2022, evento anual que apresenta um pouco dos progressos alcançados e das novidades da empresa para o próximo ano.
Diversos veículos noticiosos - incluindo o Tilt - já se debruçaram sobre as inovações apresentadas e os produtos que podemos esperar para 2023, então, nessa coluna, faremos uma reflexão mais de fundo.
Já no ano passado, quando cobrimos o evento, a sensação geral era de que, embora a Meta estivesse trazendo um discurso avançado (foi quando Zuckeberg decidiu rebatizar a empresa, que antes chamava Facebook), na prática, as novidades apresentadas não materializavam esse “metaverso dos sonhos”.
De lá para cá, muita coisa avançou, mas, concretamente, os novos produtos seguem tímidos e aquém das expectativas cultivadas em grande parte pela imprensa, pelo mercado e pelo próprio Zuck.
A estratégia da Meta é interessante - eles estão trabalhando o metaverso a partir de dois caminhos complementares: 1) Fazer o melhor dispositivo para entrar na realidade virtual, sem se preocupar e limitar tanto o tamanho e facilidade de uso. 2) Pegar o menor dispositivo, a que as pessoas já estão acostumadas (um óculos normal) e enfiar nele a maior quantidade de tecnologia possível.
Separadamente , tanto o Oculus Quest 2 quanto o Rayban Stories ainda deixam aquela sensação de ‘pra que mesmo eu vou querer isso?’, pelo menos para a maioria das pessoas.
Caros, desengonçados e de uso muito específico: assim eram os telefones logo no início da telefonia, os computadores no início da computação, os celulares…
Se você assiste a apresentação sem se focar tanto naquilo que esta sendo entregue hoje e presta atenção nas tecnologias que estão sendo desenvolvidas internamente - ainda sem forma comercial clara ou viável - o evento ganha outros contornos.
Para hoje, Zuckerberg apresenta um avatar com pernas, para alegria de Paulo, que sempre se sente estranho andando flutuando por ai. Mas segue sendo cartunesco e pouco expressivo.
Para o futuro, os novos avatares 2.0, hiperrealistas( e que ainda precisam ser gerados e renderizados em uma sala especial recheada de câmeras) apontam para uma realidade hibrida perturbadora, não à toa, esta embutido no discurso preocupações com segurança e propriedade do seu próprio eu virtual.
Para hoje, o novo controle do Oculus Quest Pro traz algumas melhorias no sistema 'háptico’, palavra que pouco usamos em português mas que dá conta da ‘sensação de toque’ que você tem ao interagir com objetos no mundo virtual. São pequenas melhorias incrementais mas que vão tornando o uso desses sistemas cada vez mais naturais.
Para o futuro, a aposta é em um dispositivo de pulso que intercepta os sinais elétricos que seu cérebro envia para sua mão e consegue controlar coisas no mundo virtual.
A demo mostra ainda controles muito simples, jogos simples e ações premetidatas como tirar uma foto ou responder uma mensagem.
Mas a aposta da Meta é que essa vai ser a interface padrão do futuro, substituindo o teclado herdado das máquinas de escrever do século XIX.
Combinado com inteligência artificial para calibrar em tempo real o aparelho, de maneira que ele vá ficando cada vez mais fácil e confortável de usar, aprendendo a sua forma particular de gesticular. Isso pode ser uma enorme mudança.
Existe uma certa pressa em fazer o metaverso dar certo, ou falhar miseravelmente.
De um lado, entusiastas da tecnologia vendem uma promessa que ainda não se materializou.
Do outro, cada novo lançamento - ao não entregar a visão de ficção científica que foram prometidas - gera dezenas de comentários jocosos e quase uma torcida pela derrota do metaverso.
Por aqui, seguimos acreditando que esse caminho é um tanto inevitável.
Se vai ser a Meta a empresa que vai trazer o metaverso para o mundo real, é uma pergunta de literalmente - milhões de dólares - mas, se não for por ali, em algum lugar, de alguma maneira, essa tecnologia vai cada vez mais fazer parte do nosso dia a dia.