top of page

17 de fevereiro de 2022

A Realidade Virtual chegou no Super Bowl

A final do campeonato de futebol americano nos Estados Unidos, o Super Bowl, nunca foi popular no Brasil, mas lá é a transmissão televisiva de maior alcance - e este ano, teve 112 milhões de espectadores.

Com essa audiência, absolutamente tudo no evento toma proporções gigantescas: todos os anos cria-se uma expectativa enorme - inclusive sobre os anúncios veiculados no intervalo.

Para ter uma ideia, o custo estimado de um anúncio de 30 segundos foi de 7 milhões de dólares ou cerca de 36,75 milhões de reais. Não raro, observando os anúncios é possível descobrir tendências e movimentos das grandes empresas. Um bom exemplo foi o comercial que a Apple lançou em 1984 para anunciar o Macintosh, seu computador pessoal.

https://www.youtube.com/watch?v=2zfqw8nhUwA

Esse ano, um dos comerciais está conectado com o tema dessa coluna: a Meta gastou cerca de 67 milhões de reais em um anúncio que apresenta - de maneira bastante confusa, registre-se - o Metaverso e o Meta Quest 2, o óculos da empresa, para uma legião de pessoas no mundo todo.

https://www.youtube.com/watch?v=Z8lthAAjxZc

Com o slogan “Velhos amigos, Nova Diversão” o anúncio apresenta uma típica lanchonete americana, onde um cão mecatrônico faz shows com sua banda. Corta a cena, a lanchonetem cujo nome é ‘Questy’s’ fecha e o cão-robô é descartado. Vendido para uma loja de penhora, vai passando de mão em mão, até que, prestes a ser destruído como sucata, é resgatado por uma senhora, que o coloca como decoração de um museu espacial.

Quando parece que o comercial não pode ficar mais estranho, um dos visitantes do museu - que tem como parte da sua exposição óculos de realidade virtual para serem usados pelas pessoas - resolve colocar o equipamento no cachorro, antes de ir embora.

O cão-robô desperta então dentro do Metaverso, encontra seus antigos companheiros de banda e retoma os shows, agora em uma versão virtual da lanchonete Questy’s, situada no Horizon Worlds, o metaverso da empresa.

É difícil encontrar uma explicação clara para a narrativa cheia de histórias e a internet está cheia de análises e propostas sobre qual seria exatamente a metáfora. Mas o que fica claro é que a Meta segue apostando suas fichas na popularização do Oculus que agora chama Meta Quest e com ele, na massificação da realidade virtual.

Fora do Super Bowl, havia um outro evento em curso, planejado para começar logo após o término do jogo: um show da banda Foo Fighters, filmada com diversas câmeras em 360’ foi transmitido no Horizon Venues e na Oculus TV.

O resultado, no entanto, não foi dos melhores e a transmissão (restrita a Estados Unidos e Canadá) teve dezenas de problemas técnicos, deixando de fora muita gente que não conseguiu desfrutar da experiência, incluindo esses dois colunistas.

Segundo o vice-presidente da Horizon, Vivek Sharma, isso se deu por conta da ‘demanda sem precedentes’ que o show causou - e que não foi informada exatamente.

Uma prova de que, embora exista uma vontade por parte das grandes empresas, de trazer o metaverso para a cultura mainstream, ainda falta um bom caminho para consolidar e dar estabilidade para as ferramentas necessárias.

Fora das quatro linhas do campo e sem o investimento pesado da Meta, há vários movimentos no terreno ainda nebuloso do metaverso, que vale assinalar aqui. O banco JPMorgan anunciou esta semana que vai abrir uma agência virtual no Decentraland e ainda publicou um relatório indicando como as empresas devem encarar esse novo mundo, em que avalia as oportunidades de mercado na casa do trilhão de dólares em receitas anuais. A Havas, um grupo de comunicação que tem sede na França e opera no mundo todo (17.500 funcionários) divulgou que tem agora um terreno no mundo virtual The Sandbox, onde pretende inaugurar sua primeira vila virtual. E a Disney nomeou Mike White vice-presidente senior para o metaverso.
Há ação inclusive na China, onde o novo Comitê da Indústria do Metaverso, que reúne governos locais e entidades apoiadas pelo estado já envolve 17 empresas encarregadas de “promover o desenvolvimento saudável, ordenado e sustentável do metaverso,” numa demonstração que o governo entendeu esse processo como algo além do game e das criptomoedas.

bottom of page