Posta em números, a letalidade da Covid 19 para os velhos é assim:
• Para cada 1.000 pessoas infectadas com o coronavírus com menos de 50 anos, quase nenhuma morrerá.
• Entre as pessoas na casa dos 50 ao início dos 60 anos, cerca de cinco morrerão - mais homens do que mulheres.
• Para cada 1.000 pessoas com mais de 70 anos infectadas, cerca de 116 morrerão.
Os números, que deveriam ser pregados na parede da casa de cada velho do mundo, estão num artigo divulgado ontem pela Nature, baseado em estudos realizados na Espanha, Inglaterra, Itália e Suiça.
A análise do risco de mortalidade por idade entre os ingleses, foi feito a partir de testes de anticorpos em 109 mil adolescentes e adultos selecionados aleatoriamente em junho e julho nos postos de saúde.
Cerca de 6% continham anticorpos contra o SARS-CoV-2. Esse resultado foi usado para calcular o IFR – Infection Fatality Ratio, ou taxa de mortalidade por infecção, em tradução livre - que é de 0,9% - ou 9 mortes em cada 1.000 casos na média do país. O IFR era próximo de zero para pessoas entre 15 e 44 anos, aumentando para 3,1% para 65-74 anos e 11,6% para qualquer pessoa mais velha.
Na Espanha, estudos similares, realizados, a partir de abril, com 61 mil pessoas chegaram a resultados parecidos: o IFR geral para a população era de cerca de 0,8%, permaneceu próximo de zero para pessoas com menos de 50 anos e aumentou para 11,6% para homens com 80 anos ou mais – e para 4,6% para as mulheres nessa faixa etária, mostrando uma diferença importante da letalidade conforme o sexo do portador.
Os pesquisadores observam que há uma diferença marcante nas estimativas de IFR entre alguns países, especialmente para pessoas com 65 anos ou mais. Por exemplo, um estudo de prevalência de anticorpos em Genebra estimou um IFR de 5,6% para pessoas com 65 anos ou mais. Esse valor foi inferior ao estimado na Espanha e na Inglaterra.
Segundo Andrew Azman, epidemiologista de doenças infecciosas da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg em Baltimore, Maryland, que fez parte do estudo de Genebra, há muitas explicações possíveis para essa variação.
Países com maiores taxas de comorbidades, como diabetes, obesidade e doenças cardíacas, terão um IFR mais alto. No entanto, as nações com sistemas de saúde mais eficientes no trato de pessoas gravemente doentes com COVID-19, ou onde os hospitais não ficaram sobrecarregados no pico da epidemia, terão melhores taxas de sobrevivência, diz Azman.
Certas diferenças também podem ser atribuídas à forma como os diferentes estudos foram conduzidos, dizem os pesquisadores. Por exemplo, variações na confiabilidade dos testes de anticorpos usados nos diferentes estudos, ou a maneira como as mortes de COVID-19 foram registradas e até mesmo o recorte etário adotado pelos pesquisadores.
Mas um grande fator nas diferentes taxas de mortalidade relatadas entre os países parece ser se o avanço do vírus sobre lares de idosos ou centros de dia.
Quando o estudo inglês levou em consideração as mortes em lares de idosos, o IFR em pessoas com 75 anos ou mais saltou de 11,6% para 18,7%. É provável que o IFR do Canadá, onde cerca de 85% das mortes ocorreram em lares de idosos, seja significativamente maior do que o de Cingapura, onde os lares de idosos foram responsáveis por apenas 8% das mortes. Sobre o Brasil, simplesmente não há números confiáveis.
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