Não é exatamente uma novidade, mas a comprovação de algo que o senso comum já admite, mas que os velhos ainda não incorporaram à sua rotina: manter atividade física constante ou tornar-se mais ativo à medida em que envelhecemos pode reduzir os riscos de ataques cardíacos e derrames. O vínculo entre a atividade e a redução do risco ficou comprovado em escala impressionante num estudo publicado recentemente pelo European Heart Journalfinds.
Liderados por Kyuwoong Kim, do Departamento de Ciências Biomédicas da Universidade Nacional de Seul, na Coréia do Sul, os pesquisadores analisaram dados de 1.119.925 homens e mulheres com 60 anos ou mais e constataram que quem reduziu seus níveis de exercício ao longo do temp teve uma probalidade 27% maior de desenvolver problemas cardíacos e vasculares, enquanto os que se tornaram mais mais ativos reduziram seu risco em até 11%.
Os dados foram coletados pelo Serviço Nacional de Seguro de Saúde (NIHS), que presta assistência médica a 97% dos sul coreanos. A idade média dos participantes era de 67 anos e 47% eram homens. Foram feitas duas verificações de saúde entre os usuários do sistema de saúde em 2009–2010 e em 2011–2012, mas os pesquisadores coletaram dados sobre esses participantes até 2016.
Nas entrevistas, os profissionais de saúde perguntaram aos participantes sobre seus níveis de atividade física e estilo de vida. A atividade física moderada foi definida como 30 minutos ou mais por dia de dança, jardinagem ou caminhada rápida, enquanto 20 minutos ou mais de corrida, ciclismo rápido ou exercício aeróbico diariamente contam como exercício vigoroso.
No segundo exame de saúde do NIHS, os participantes relataram em que medida seus níveis de atividade tinham mudado desde o primeiro exame. A maioria (cerca de dois terços) estava inativa no momento das duas entrevistas. Entre as mulheres, cerca de 78% das mulheres eram fisicamente inativas no primeiro exame de saúde.
No segundo exame, o número quase não mudou – foi de 77%. Já os homens foram menos inativos nas duas vezes: 67% na primeira triagem e 66% na segunda. Apenas 22% tinham aumentado seus níveis de atividade entre os exames, enquanto 54% dos participantes que se exercitavam regularmente cinco ou mais vezes por semana haviam se tornado inativos no momento da segunda triagem.
Os pesquisadores cotejaram esses dados em relação ao registro nacional de doenças cardíacas e derrames registrados nos hospitais da Coréia do Sul, entre janeiro de 2013 a dezembro de 2016. Até o final do período do estudo, tinham sido notificados 114.856 casos de doenças cardíacas ou derrames.
Depois de ajustar os dados a fatores socioeconômicos, idade, sexo e estilo de vida, ficou comprovado que as pessoas que mudaram seus níveis de atividade de continuamente inativas para ativas moderada ou vigorosamente três a quatro vezes por semana reduziram em 11% o risco de ataque cardíaco e derrame. Aqueles que estavam ativos uma ou duas vezes por semana no primeiro controle aumentaram para cinco ou mais vezes por semana no segundo cheque e reduziram seu risco em 10%.
Até as pessoas com deficiência se beneficiaram com o aumento de seus níveis de atividade, reduzindo em 16% o risco de eventos cardiovasculares. Os participantes com condições crônicas, como hipertensão ou diabetes, viram uma redução de 4-7% em suas chances de sofrer um problema cardíaco ou derrame. Já o risco de problemas cardiovasculares aumentou 27% entre os participantes que reduziram seus níveis de exercício entre os exames.
Os pesquisadores alertam que por envolver apenas adultos mais velhos da Coréia do Sul, os resultados não devem ser vistos como capazes de serem reproduzidos automaticamente em outras regiões. As respostas dependem de veracidade dos pacientes e as perguntas não abrangem todas as formas de atividade – ficaram de fora, entre outros, o trabalho doméstico e outras ações de fortalecimento muscular.
Mas são evidências convincentes de que o exercício permanece importante à medida que envelhecemos. Moral da história: levante da cadeira e mexa-se!
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