Um protótipo da casa do futuro – pelo menos da casa dos velhos do futuro – foi testado recentemente no Centro Diurno Borgo del Sasso, uma casa de repouso em Sasso Marconi, na Bolonha, pela equipe da professora Alessandra Costanzo. Numa sala de estar transformada, 19 pessoas – idosos auto-suficientes e dependentes e seus cuidadores – foram apresentados ao sistema HABITAT. A sigla remete ( em italiano) a Assistência Domiciliar Baseada na Internet das Coisas para a Autonomia de Todos, um projeto financiado pela região italiana de Emilia-Romagna e que junta num mesmo espaço diversas soluções tecnológicas destinadas a monitorar e facilitar a vida saudável dos mais velhos.
A plataforma HABITAT associa novos tipos de mobiliário com novas funções conferidas a objetos do cotidiano, tudo governado por uma infra-estrutura transparente ao usuário, que devem evitar ou prorrogar a transferência de seus moradores para instituições de longa permanência, facilitando a assistência domiciliar.
Um interruptor esconde um inovador sistema de localização interno baseado em radiofrequência, que permite deduzir a posição da pessoa em tempo real. Uma poltrona especial detecta a postura de quem senta e alerta quando o idoso está prejudicando sua coluna. Um cinto equipado com sensores funciona como um sistema de saúde móvel que avalia movimentos internos e externos. Um smartphone que se vale de técnicas de inteligência artificial garante que todos os dados sejam remetidos ao cuidador, a familiares ou a um centro de saúde, dependendo do caso. Tudo pode ser programado e adaptado às necessidades específicas de cada idoso.
O projeto está programado para terminar em julho de 2018 e o protótipo final será testado em contextos da vida real. Novos testes envolvendo usuários finais serão realizados nas instalações disponibilizadas pela ASC Insieme, uma instituição pública voltada para a cidadania da região do Vale do Reno.
As tipologias de objetos inteligentes foram escolhidas de acordo com as necessidades dos usuários. O sistema gera relatórios diários que indicam quantas vezes o idoso entrou na zona vermelha ( as áreas da casa que apresentem algum risco, se tomou os medicamentos na hora certa, quanto fez de atividade física, quantas horas passou sentado e se manteve a postura correta, quanto tempo dormiu, se fez as refeições e qual sua disposição geral, além de recomendações como “Que tal tomar um pouco de ar fresco amanhã?”
O HABITAT não é o único exemplo de sistemas que se valem da internet das coisas para monitorar e melhorar a vida dos idosos. A lista é grande e inclui nomes como Ondotermoband, Elli Q, Senior Lifestyle System, Jon, Gosafe2, Grandcare Systems, Tempo, Silver Mother, Silver Fox, entre outros. No Brasil estão à venda sistemas de monitoramento remoto menos sofisticados, mas que permitem a familiares (ou cuidadores) acompanhar o vaivém e as condições de saúde de seus pais, avós ou pacientes, como o Igo, que custa 740 reais.
Em Lisboa, o Geosenior, um projeto-piloto que envolve o comércio local com os idosos dos bairros, começa a ser desenvolvido na freguesia da Estrela. Farmacêuticos, donos de talhos (açougues), cafés, mercadinhos passam a integrar uma rede digital de resposta, informando a qualquer alteração na rotina de seus clientes mais velhos.
Quando este blogueiro era adolescente, a casa do futuro era a dos Jetsons, uma série de TV que estreou nos Estados Unidos em 1962 e fez sucesso no Brasil algum tempo depois. Judy, a filha adolescente do casal George e Jane, tinha 15 anos e portanto, estaria prestes a se tornar uma idosa nesse ano de 2019.
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